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ODIÁRIO DO AMAPÁ O DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA 112 E 13 DE JANEIRO DE 2020
Entrevista
e
LADISLAU PEDROSO MONTE
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Vice-presidente da Fecomércio
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Antes da área de livre comércio faziam suas
compras fora porque não tínhamos preço".
Um dos nomes maú respdtados no mdo
empresarül do Amapá, LadúlauMonte fala sobre
como ana}jsa a consojjdação do comérdo como o
major gerador de empregos formaú no Amapá.
Em uma entrevjsta exclusjva ao jornal Ddâo do
Amapá, o vkepresMente da Federação do Comér–
do do Estado (Fecomérdo) esclarece detalhes a
respdto da relação comerdal com países forne-
cedores dos jmportados que abastessem aÁrea de
üvre Comérdo de Macapá e Santana. fljz que os
jncenüvos flscaú com a jnseção de tâbutos como
o Imposto de Importação e o Imposto sobre Pro–
dutos Industrüljzados ddxaram o Amapá em con–
djções de dúputar consumMores com outros cen–
tros comerdajs da regdo. Acompanhe ospândpajs
trechos da entrevjsta a seguk
CLEBER BARBOSA
DA REDAÇÃO
Diário do Amapá - Números do Caged
divulgados recentemente dão conta de que já
não
é
mais o serviço público quem mais gera
empregos no Amapá, mas sim a iniciativa
privada. Para o senhor o que essa mudança
de eixo na economia local representa?
Ladislau Monte - Sem dúvida, muito
importante, pois o segmento do comércio do
Amapá sempre foi o de maior expressão na nos–
sa economia e a gente vê que a cada ano que
passa o comércio vem crescendo.
É
lógico que
o nosso desejo, nossa vontade
é
que o setor pri–
mário e o setor secundário também crescessem
porque não adianta crescer só o comércio, pre–
cisamos gerar empregos, precisamos desen–
volver esses segmentos.
Diário - O comércio já faz sua parte?
Ladislau - Sim, o comércio sempre esteve
preparado. Os empresários do Amapá sempre
se prepararam, sempre estiveram atualizados,
se modernizando, acompanhando a evolução
do que acontece no sul do Brasil e fora dele.
Diário - E sobre a Área de Livre Comér–
cio de Macapá e Santana, daria para viver
sem ela hoje?
Ladislau - Sem dúvida que não. A gente
tem um grande divisor de águas exatamente
com a criação da Área de Livre Comércio, que
trouxe uma importância muito grande para o
setor, para nossa economia e para o estado como
um todo, apesar da delimitação da área de livre
comércio apenas entre Macapá e Santana. Mas
são os dois municípios de maior expressão. No
passado, antes dos incentivos da área de livre
comércio as pessoas, os consumidores, saíam
de Macapá para fazer suas compras fora porque
nós não tínhamos preço.
Diário - Hoje têm?
Ladislau - Sim, depois da área de livre
comércio, com os benefícios [fiscais] do ICMS,
Imposto de Importação e Imposto sobre Pro–
duto Industrializado, isso facilitou muito pois
passamos a transferir todos esses benefícios
para o preço e ficamos competitivos. Hoje nin–
guém sai mais do Amapá para fazer compra lá
fora, pois temos preços competitivos. Daí a
importância muito grande da área de livre
comércio para o nosso estado.
Diário - E ainda existe uma enorme
expectativa de que isso possa se expandir,
com a regulamentação da Zona Franca Ver–
de e da Zona de Processamento de Exporta–
ção, que já foram aprovadas?
Ladislau - Exatamente. Os dois projetos
depois aprovados, faltava apenas um impulso,
a regulamentação da Zona Franca Verde, o que
já aconteceu e a implantação está iniciando.
Foram criadas algumas Zonas de Processa-
Visão...
• Mercado. A experiência de Ladislau Monte o faz
tecer comentários críticos em relação
à
forte
presença de importados no Amapá. Para ele, a nível de
país isso é de certa forma algo negativo, pois atrapalha
a irx:lústria nacional. Também diz que ocusto com mão
de obra acaba encarecencb demais opreço final dos
produtos brasileiros em relação aos chineses.
Ladislau
Monte.
Liderança do meio empresarial do Amapá fala
sobre as perspectivas de crescimento do comércio no
fuwro.
''
menta de Exportação no Brasil, mas a notícia
que se tem é que a do Acre é a única em fun–
cionamento, mas ela está tendo alguns entraves
que não estão deixando que ela deslanche. Aqui
no Amapá não temos conhecimento sobre quais
são esses entraves que possam prejudicar. Sabe–
se, entretanto, que em outros países deu muito
certo. Temos esperança de que se possa em
conjunto com a bancada federal, a classe polí–
tica em geral e os empresários possamos botar
para funcionar a nossa ZPE e a Zona Franca
Verde para que o Amapá possa dar um salto
ainda maior.
O
nosso
desejo é
Diário - O Amapá reúne todas as condi–
ções para isso?
Ladislau - Olha, com a conquista da nossa
autossuficiência em geração de energia, com a
chegada do Linhão do Tucuruí, já possibi–
lita com que o Amapá possa trazer gran-
que
o
setorprimário
e
o
setorsecundário
também
crescessem porque
não adianta crescer
só o
comércio,
precisamos gerar
empregos no Amapá
des investimentos para cá. Logicamen–
te que isso vai depender de muita arti–
culação política porque as empresas
Agenle1Em
não vão vir investir para cá se não tiver
~,
11111111
um benefício ou a perspectiva de um
bom retorno. Então precisa-se de polí–
ticas públicas adequadas, com política
fiscal que possa atrair esses investimen–
tos para que o desenvolvimento aconteça
um grandedivisorde
ág.lasexatanmEamaai:çãl
daÁreadelivreComércio, que
trruxeumai'nportânciamuito
e que não fique só o comércio como a prin–
cipal mola impulsora da nossa economia.
Diário - Muito se diz que no começo da
área de livre comércio os produtos impor-
tados vendidos aqui tinham pouca qualida–
de, mas que hoje essa realidade mudou,
ternos uma boa linha de importados mesmo?
Ladislau - Isso é uma realidade, mas que a
nível de Brasil a gente nem fica tão satisfeito
pois isso afeta a nossa indústria nacional, onde
alguns segmentos foram sucateados e nós esta-
Vocação...
• Análise. A pujancia do comércio amapaense
sempre foi algo marcante na visão de
Ladislau Monte. O crescimento do setor é
responsável por uma reente inversão no eixo da
economia, pois já é da iniciativa privada a maior
fatia de geração de empregos formais no Amapá,
posto antes ocupado pelo seIViço público.
m
mos gerando emprego lá fora, na China por
exemplo. Indústria de lâmpada, para citar um
caso, não se produz mais lâmpada no Brasil,
pois todas as os fornecedores de lâmpadas são
chineses, até piso, porcelanato, lustres, enfim,
tem uma série de produtos que hoje realmente
não estão mais sendo produzidos aqui no Bra–
sil. Mas a partir desse novo modelo o controle
de qualidade passou a ser muito grande por par–
te das empresas brasileiras que estão lá na Chi–
na, daí esse produto chegar aqui com muita qua–
lidade.
Diário - Daí também a melhora na linha
de importados?
Ladislau - Sim, pois não se importa apenas
só aqueles chamados subprodutos, produtos de
baixa qualidade, nós temos de tudo, pois a Chi–
na produz de tudo, produtos de alta qualidade,
de qualidade intermediária e de péssima quali–
dade também, então vai de nós importadores
sabermos aquilo que estamos importando.
Diário - Estes dias alguns empresários
brasileiros do setor têxtil reclamaram bas–
tante da concorrência desleal com os produ–
tores de tecido da China.
Ladislau - Um dos grandes problemas que
nós enfrentamos aqui por engordar o custo da
produção é exatamente a mão de obra, os encar–
gos trabalhistas, os encargos sociais são muito
pesados no Brasil em relação
à
China que pra–
tica preços que não conseguimos competir.
Diário - Por falar em mercado, a sua
empresa já tem mais de 40 anos no Amapá,
como está sendo esse desafio?
Ladislau - Exatamente. Eu incorporei ao
Exército em janeiro de 1976 e quando foi em
novembro demos baixa do Exército e para nos–
sa felicidade em 1° de dezembro daquele ano
nós iniciamos nossas atividades lá na Madei–
reira Amazônia, empresa que agora está com–
pletando 43 anos, hoje chamada de Monte Casa
e Construção. Então é um motivo de alegria para
nós tanto que oferecemos um café da manhã aos
nossos clientes em parceria com as Tintas Coral
que tem sido nossa grande parceira. Houve cor–
te de um grande bolo de aniversário, marcado
também por muitas promoções e muitas cam–
panhas voltadas ao nosso público em geral.
Perfil...
• Entrevistado. O empresário Ladislau
Pedroso Monte tem 58 anos de idade e é
natural de Macapá. Pai de três filhos, teve
como primeiro emprego ser recruta do
Exército Brasileiro, tendo se:rvido na
Companhia de Comando e Seiviços do 3º
Batalhão Especial de Fronteira, em Macapá,
na turma de 1976. Assim que deu baixa das
fileiras do EB, ajudou a fundar na companhia
de familiares, a :Madeireira Amazônia, num
lugar chamado
à
época de Chapéu de Palha,
em Macapá. A empresa se consolidou após
entrar para o ramo da venda de materiais de
construção e, mais recentemente, de casa e
decoração. Formado e Administração de
empresas, também ocupou importantes cargos
nas entidades do comércio do Amapá.