Previous Page  7 / 32 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 7 / 32 Next Page
Page Background

e

DIÁRIO DO AMAPÁ

e

TERÇA-FEIRA 1

14

DE JANEIRO DE

2020

Economial

EXPECTATIVA

e

O Brasil realizanesta quarta omegaleilão do pré-sal eespera arrecadar mais de R$100 bi

Estatal, privado, misto: os diferentes tipos de exploração

de petróleo, equal oimpacto da opção brasileira

M

ais de R$ 106 bilhões para

os cofres públicos.

É

esse o

valor que o governo espera

dos valores do megaleilão do petró–

leo do pré-sal, anunciado como o

maior do mundo, quando foram ofe–

recidas as quatro áreas de exploração

na Bacia de Santos.

Quando a extração de petróleo do

pré-sal nessas reservas começou, em

2010, a Petrobras havia previsto a

produção de 5 bilhões de barris, mas

depois descobriu-se que o campo

tinha capacidade para produzir entre

6 e 15 bilhões adicionais.

É

a explo–

ração do excedente que será ofertada.

Se todos os blocos forem arrema–

tados, será o maior valor arrecadado

pelo governo brasileiro com licita–

ções de petróleo no país e também no

mundo em termos de pagamento de

bônus de assinatura,que

é

ovalor que

as empresas pagam pelo direito de

exploração.

O dinheiro é bem-vindo, princi–

palmente em tempos de ajuste fiscal

e vacas magras.

E

o leilão ocorre em

meio a uma mudança gradual na polí–

tica de gestão do petróleo no Brasil,

com a intenção do governo de priva–

tizar subsidiárias da Petrobras e redu–

zir o controle da estatal sobre o pro–

cesso de refino de petróleo.

Será que essa

é

a melhor estraté–

gia? E, no geral, o modelo de explo–

ração de petróleo existente no Brasil

é

eficiente? Petróleo

é

certamente

fonte de dinheiro, mas nem sempre

gera desenvolvimento e, para alguns

países, chega a ser uma "maldição".

Pelo menos

é

o que revela a história

de várias das nações que possuem

esse cobiçado recurso natural.

Dos 15 países com as maiores

reservas, apenas três são hoje nações

ricas: Canadá, Estados Unidos e

Noruega. Alguns dos maiores expor–

tadores são nações com grandes desi–

gualdades sociais, guerras e pobreza,

como Iraque, Nigéria e Venezuela.

Tina Hunter, diretora do curso de

legislação em petróleo da Universi–

dade de Aberdeen, na Escócia, expli–

ca que existem três grandes modelos

de exploração do petróleo: o ameri–

cano, o do Mar do Norte (também

chamado modelo norueguês), e o da

Arábia Saudita. Eles são classifica–

dos, principalmente, pelo nível de

intervenção do Estado, sendo o ame–

ricano o de menor participação do

governo e o da Arábia Saudita, o de

maior controle estatal.

e

ANn

republica

tah~a

de frete e

inclui

pedágio no cálculo do preço mínimo do transporte de carga

A

Agência Nacional de Trans–

porte Terrestres (ANTI) res–

tabeleceu a vigência da reso–

lução de julho deste ano que fixou

novas regras para o cálculo do frete

mínimo de transporte de cargas. A

resolução publicada na semana pas–

sada, no entanto, traz algumas altera–

ções com relação ao texto de julho.

O frete é o preço pago pelo trans–

portede cargas. A tabela instituída pela

ANTT é apenas parao transporte rodo–

viário. O frete varia de acordo com o

produto transportado, com o trajeto

realizado e com as condições enfren–

tadas pelo motorista para fazer o ser–

viço.

A principalalteração é a obrigato–

riedadedeadicionar ocusto com pedá–

gio ao valor mínimo do frete que deve

ser pago ao caminhoneiro pelo trans–

porte de cargas."O valor do pedágio,

quando houver, deverá ser obrigato–

riamente acrescido aos pisos míni–

mos", afirma a resolução aprovada

pela diretoria da ANTI.

O novo texto tambémprevê que o

valor do frete a ser pago ao caminho–

neiro deve considerar a negociação

com relação ao lucro dele, despesas

relacionadas ao uso de contêineres,

por exemplo, e gastos com itens como

alimentação, pernoite, tributos e taxas.

Um dos pontos criticados pelos

caminhoneiros era o fato de a tabela

não incluir expressamente, no cálcu–

lo do frete minimo, a remuneração do

caminhoneiro.

A resolução dejulho prevê que 11

categorias de cargas serão usadas no

cálculo do frete minimo e amplia os

itens considerados no cálculo. Além

da distância percorrida, o cálculo do

frete mínimo tambémpassou a consi–

derar o tempo de carga e descarga do

caminhão, custo com depreciação do

veículo, entre outros.

O texto foi alvo de muitas críticas

por parte dos caminhoneiros o que

levou o governo a suspender a aplica–

ção da tabela ea abrir uma nova roda–

da de negociação com a categoria.

Atabela de fretes foi criada no ano

passado pelo governo Michel Temer,

após a greve dos caminhoneiros que

bloqueou estradas e comprometeu o

abastecimento de combustível, de

medicamentos e de alimentos em todo

o Brasil. O tabelamento era uma das

reivindicações da categoria.

7

8

Fone: 99165-4286

8

E-mail: diario-ap@uol.com.br

e

Estudo mostra que concentração de renda pode

ser quase odobro da apurada pelos dados oficiais

O

retrato da desigualdade social no Brasil pode ser

pior do que mostram os dados oficiais. Segundo

cálculos feitos por uma consultoria, a diferença

entre os extremos das classes de renda do país seria quase

o dobro da apurada pelas pesquisas oficiais.

Os dados oficiais de renda e desigualdade são calcula–

dos, no Brasil, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta–

tística (IBGE), com base nos números da Pesquisa Nacio–

nal por Amostragem de Domicílio (Pnad), que coleta as

informações por meio de entrevistas feitas em domicílios.

A partir deste levantamento, o IBGE estima que o abismo

de renda da classe A para a classe D/E é de 21,4 vezes - ou

seja, os mais ricos ganham 21,4 vezes mais do que rece–

bem os mais pobres.

A consultoria, por sua vez, faz um exercício por recor–

te de rendas com base em dados da Pnad e da Receita Fede–

ral. Na simulação, a consultoria Tendências usa dados da

Pnad para medir a renda da população que ganha até cinco

salários mínimos. Mas, para rendas acima desse patamar,uti–

liza dados declarados no Imposto de Renda e que são anual–

mente recebidos pela Receita Federal. Com esses critérios,

a diferença de renda entre a classe A e a D/E sobe para 38,8

vezes.

A diferença nos resultados acontece porque a Pnad tem

como base entrevistas pessoais e, portanto, nem sempre

consegue mensurar a renda dos mais ricos do país se uma

parte dos entrevistados não declarar todos os ganhos obti–

dos - como bônus, renda de aluguel e dividendos, por exem–

plo. Com os dados do Imposto de Renda, esse tipo de pro–

blema é superado. O cálculo da consultoria considera os

dados da Pnad para as faixas mais baixas porque essa fatia

da população é, emgrande parte, isenta da declaração do IR.

No recorte por faixas de renda, a subestimação da ren–

da pela Pnad fica evidente. A pesquisa do IBGE mostra,

por exemplo, que a massa de renda (todas as rendas soma–

das) entre os que ganham acima de 160 salários mínimo é

de R$14,671 bilhões. No levantamento daTendências, ajus–

tado com dados da Receita Federal, esse montante sobre

para R$ 397,920 bilhões. Ou seja, uma diferença de

2.612,4%.

Numa faixa inferior, entre os que têm renda de 80 a 160

salário mínimos, a diferença entre os dois levantamentos

chega a 1.454,8%. Para a Pnad, a massa de renda dessa fai–

xa de renda somara R$ 153,731 bilhões.

e

Procurador pede ao TCU para proibir BNDES

de liberar novos recursos aestados emunicípios

O

procurador do Ministério Público que atua no Tri–

bunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado,

pediu ao tribunal para proibir o Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de liberar

novos recursos a estados e municípios para financiamento

de obras.

Esses empréstimos são feitos com o aval da União, que

pode ser obrigada a cobrir a dívida emcaso de inadimplência

do estado ou do município.

O pedido foi feito no momento em que a prefeitura do

Rio de Janeiro sofreu bloqueio no repasse da participação

da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercado–

rias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Propriedade de

Veículos Automotores (IPVA), arrecadados pelo governo

do Rio.

O bloqueio foi causado porque a prefeitura deixou de

pagar parcelas de um empréstimo feito junto ao BNDES

durante a gestão de Eduardo Paes. O empréstimo serviu

para financiar obras de infraestrutura voltadas

à

Olimpíada

de 2016.

O bloqueio na participação no IPVA e no ICMS ocorre

porque a prefeitura deu esses recursos como garantia no

empréstimo. Sem os repasses, porém, a prefeitura pode atra–

sar o pagamento de outras contas, entre elas o 13° salário de

funcionários municipais.

Furtado aponta em sua representação que a União é ava–

lista dos empréstimos feitos pelo Bndes

à

prefeitura do Rio

e que pode ser acionada pelo banco para cobrir o calote.

Impacto

No pedido feito ao TCU, Lucas Furtado também desta–

cou queoutros empréstimos para estados e municípios foram

concedidos pelo Bndes com o aval da União e, por isso,

pede ao TCU que verifique a inadimplência existente nes–

sas operações.

Diante do impacto que a inadimplência nesses emprés–

timos pode ter nas contas do governo federal, Furtado pede

que o tribunal determine, cautelarmente, a suspensão da

liberação de novos recursos pelo Bndes para estados e muni–

cípios.